quarta-feira, 21 de agosto de 2013

SHALE GAS: "PRESENTE" (GIFT) DO FUTURO ...


RECUPERANDO O ATRASO Depois da 11ª rodada – com atraso de 5 anos – a esperança brasileira agora é o gás, visto como “salvação da lavoura” para a indústria. Mas, não basta ter reserva segundo Adriano Pires. A pesquisa do gás de xisto nos EUA dura mais de 10 anos e só agora aparece os primeiros resultados. Não é nada fácil repetir o sucesso do gás de xisto por aqui. Isso demanda tempo e grande incentivo na infraestrutura e pesquisa do processo. Lá a situação é completamente distinta: os proprietários de terra são donos das reservas e ganham muito dinheiro com a exploração incentivada. A infraestrutura de gasodutos já existe há muito tempo. Mas alguns preferem gerar energia elétrica e vendê-la em vez de vender o gás. "A situação do Brasil é completamente diferente dos Estados Unidos.Temos grandes reservas descobertas, mas não temos infraestrutura. Para o primeiro leilão sob o regime de partilha, o Governo está exigindo forte investimento inicial com um bônus de assinatura de R$ 15 bilhões e um government take de no mínimo 75%. Ao mesmo tempo, as empresas privadas que entrarem no negócio terão que se sujeitar à Petrobras como operadora e ao direito de ter no máximo 35% dos votos no comitê operacional, sendo que a estatal PPSA tem poder de veto, inclusive no que tange a ratificação dos custos. O risco é que a baixa atratividade do negócio acabe por gerar um consórcio “chapa branca”, a exemplo do ocorrido com o leilão da Usina de Belo Monte, que depois de várias reestruturações, só se tornou viável com o dinheiro barato do BNDES.

A ESPERANÇA ESTÁ NO GAS DE XISTO Dentre as novas tecnologias desenvolvidas nos últimos nos EUA para escapar da dependência do cartel de petróleo árabe a mais promissora é o “Shale gas” que vem provocando uma verdadeira revolução nos últimos 10 anos. Tecnologias de perfuração horizontal associada ao fraturamento em grande quantidade permitiu que a indústria petrolífera entrasse em novo ritmo de prosperidade. A exploração do gás de xisto nos EUA registrou produção recorde em 2012 e o sucesso acabará refletindo no preço comodities inclusive o petróleo que só não baixa devido ao conflito no oriente médio. Não existe um mercado global de gás natural dado o alto custo quando comparado ao transporte de petróleo. Por isso o mercado estabeleceu-se em base regional. Com isso os EUA escapam da disputa pelo petróleo e volta a cooperar mais com seus vizinhos: Canadá, México, Colômbia e Chile. A mesma base regional favorece a cooperação do Brasil com vizinhos do Mercosul, especialmente Argentina que tem reservas maiores e já está antecipando vantagens às empresas multinacionais. A exploração gera um ambiente propício ao investimento e o sucesso na exploração combinado com a eliminação dos estímulos pelo FED traz como consequência a valorização do dólar e aumento dos juros – como já está ocorrendo. Se a oferta de dólares realmente for mais restrita a Petrobras terá sérias dificuldades para importar gasolina e etanol – pelo menos momentaneamente – por preço ainda mais caro do que já está fazendo. O subsídio à gasolina importada – que já é um transtorno para a Petrobras – se tornará ainda maior com preços mais elevados da gasolina e etanol devido ao fim do estímulo que a economia dos EUA vai passar – gradualmente – nesse ano de 2013 e seguintes.