Ideologia

Confesso que não sei como convencer os ambientalistas citados nem os desenvolvimentistas posto que sejam posicionamentos ideológicos sobre os quais não há como discutir de forma objetiva. Ambos se dizem do lado do bem: os primeiros, defensores da natureza, os outros defensores do povo. Outro obstáculo à análise da questão é a tendência de colocá-la em termos de bem ou de mal — agir como se pessoas más e perversas estivessem destruindo a natureza por pura ruindade ou pessoas bem situadas estivessem impedindo a melhora das condições de vida dos menos afortunados. Que o problema seja de motivos, que aqueles que são nobres entre nós se levantassem em fúria para subjugar os maus, tudo ficaria bem. É sempre mais fácil vituperar contra pessoas do que se empenhar em trabalhos de árdua análise intelectual, pensar dói. Não há como argumentar objetivamente contra aqueles que crêem. É como discutir religião, uma questão de “foro íntimo”. Para aqueles que defendem posições ideológicas a fé lhes basta. No caso específico dos reservatórios da Amazônia, Independente dos desejos de cada um, o fato objetivo é que as usinas do Madeira e Belo Monte têm reservatórios ridículos pela simples e boa razão de que eles são tecnicamente impossíveis ou inúteis( tambem os do Tapajós e Xingu. O último reservatório de regularização plurianual é Serra da Mesa nas cabeceiras do Tocantins, não propriamente na região Amazonica. Foi construído por Furnas, a mesma rande empresa que que construiu os outros: Furnas e Itumbiara.É um absurdo pretender regularizar os potenciais dos rios amazônicos.
Dizem que o Brasil tem 80% de seu potencial ainda inexplorado na Região Amazônica, mas esta é uma crença que a realidade do campo gravitacional não comprova: o que relevo mostra realmente é uma região pobre de recursos energéticos e alguém precisa desfazer este mito. Brasileiros, de modo geral, gostam de acreditar que o Brasil seja “um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza” e outras tantas bobagens que impedem uma visão mais objetiva dos fatos.
A discussão sobre o aproveitamento dos recursos naturais da Amazônia vem ocorrendo em um nível bastante rudimentar, dominado mais pela emoção do que pela razão. Deus sabe quanto é difícil argumentar logicamente com aqueles que professam convicções ideológicas. Ambos proclamam ser do lado do bem: ambientalistas se atribuíram o dever messiânico de salvar o mundo; desenvolvimentistas, que se intitulam a si próprios de progressistas e proclamam ser defensores dos fracos e oprimidos. Fica muito difícil discutir seriamente um assunto tão importante num ambiente político como esse.